No artigo “Política emperra máquina turística em Búzios”, assinado por Niete Martins (revista Cidade de 12/11/2011), o prefeito de Búzios, Mirinho Braga, chama o presidente da Câmara de vereadores de Búzios, João Carrilho, de “irresponsável, mentiroso e inconseqüente”. Desta vez, ele não se escudou em nenhum secretário pitbull nazista para espinafrar vereadores e perseguir adversários, muito pelo contrário, botou a cara de ditadorzinho de meia tijela na reta e mostrou, de acordo com sua visão particular de democracia, que não tem o mínimo respeito pelo parlamento municipal e, muito menos, pela minoria representada pela atual mesa diretora. Revelou-se um verdadeiro tiranozinho de cidade do interior que só sabe conviver com um legislativo dócil, subserviente- a turminha do amém das primeiras legislaturas.
A convivência com a vaidade do secretário direitista sabe-tudo-faz-nada-gelatinoso deve ter-lhe subido à cabeça para ter a pretensão de ensinar ao presidente do legislativo que orçamento é orçamento e dinheiro é dinheiro.
"Ele confunde orçamento com dinheiro. Não sabe distinguir uma coisa da outra. Entendo, apesar da arrogância e prepotência, que ele não passa de um menino mimado, e de fácil manipulação".
Como todo tiranozinho de cidade de interior, vive completamente fora da realidade, rodeado de puxa-sacos. É por isso que atira pedras nas janelas dos outros esquecendo seu telhado de vidro. Diz ele sobre aluguéis:
“ Ele deveria parar e explicar o que fez com quase R$ 5 milhões do orçamento da Câmara. Como gastou? O que fez com tanto dinheiro? Qual o saldo disponível? Tenho certeza que esse dinheiro daria para fazer alguns prédios para a Câmara, que continua alugando um imóvel para funcionar”.
Realmente, o tiranozinho tem razão: há muito tempo que a câmara de vereadores já deveria ter uma sede própria. Mas o prefeitinho, melhor dizendo, o tiranozinho esquece que já teve vários presidentes de câmara nas mãos (via cargos públicos e outras benesses) que nada fizeram em relação a isso. E convenhamos, o prefeitinho ter a cara de pau de vir a público falar de aluguéis desnecessários é demais! Não só desnecessários, mas bem acima dos valores de mercado. O seu vice-prefeito poderia vir a público falar o que acha do valor que a câmara paga de aluguel? Que tal? O seu líder na câmara poderia também falar sobre o valor dos aluguéis da Escola Juvenal e do CEPEDE. Que tal?
A visão de democracia do tiranozinho:
Ele não entendeu que a Câmara é um Colegiado, e que a orientação e o ritmo a ela quem dá é a maioria. Ele tem uma presidência sem maioria, o que expõe ainda mais a sua imaturidade e os seus medos diante de outros vereadores mais antigos".
Prefeitinho, toda democracia de verdade respeita as minorias. Quem conhece um pouco de política sabe que um prefeito só perde a maioria na câmara quando ele é muito ruim, quando faz um governo desastroso ou quando, por achar que sabe tudo, não ouve sua base. No seu caso, foram as três coisas juntas. A sua coligação só elegeu 4 vereadores, mas logo o senhor cooptou 3. O senhor sabe como conseguiu isso, não sabe? Eles não foram para a sua base parlamentar pelos seu lindos olhos ou ideologia, não é? Ou seja, no ínicio de seu mandato o senhor tinha uma maioria confortável de 7 vereadores. Como é que a perdeu, prefeitinho?
Mas o melhor momento da matéria da Niete é quando relata o nervosismo do tiranozinho saindo em defesa de seu amigo pessoa-de-bem Mário do Michou:
"Quando acusa, o vereador Joaozinho é irresponsável, mentiroso e inconseqüente. Fizemos a contratação dos artistas de forma direta, ou seja, a Prefeitura fez os contratos, sem intermediários e a estrutura também foi devidamente licitada. Posso afirmar que a pessoa citada pelo vereador não tem ligação nenhuma com isso. Ele tenta trazer para o ambiente sujo dele, pessoas de bem".
A reação agressiva do tiranozinho se deve ao fato do presidente da câmara de vereadores ter acusado a prefeitura de desvio de recursos ao contratar por 620 mil reais a empresa ECOPARK do seu amigo Mário do Michou – frise-se, uma empresa de estacionamento- para fazer toda estrutura dos shows.
A agressividade também pode ser explicada pela avaliação corretíssima, feita pelo presidente da câmara, da atual situação econômico-financeira da prefeitura: o problema da cidade não é dinheiro e sim “os compromissos com os empreiteiros”; “o orçamento de Búzios é 170 milhões. O que falta é uma administração correta, acabar com o empreguismo”. Loteamento da prefeitura dá nisso: desgoverno. Ou seja, quando se loteia a prefeitura, a cidade fica ingovernável. Igualzinho como fez o prefeito anterior. Búzios não merece isso.