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Foto Jornal de Búzios 29/05/2006 |
Como as contas de 2004 do governo Mirinho voltaram a ser o centro das atenções por ter sido colocada em pauta pelo atual presidente da Câmara de vereadores, Joãozinho, e estar trancando a pauta do legislativo buziano devido à recusa dos vereadores da base governista em votá-las, resolvi revisitar o noticiário da época para relembrar a atuação dos atores políticos- prefeito e vereadores. O Jornal de Búzios (JB), em sua edição de 29/05/2006, traz uma página inteira sobre a cobertura feita pela jornalista Flávia Rosas da votação que reprovou as contas tornando Mirinho inelegível por 8 anos. Votaram a favor do parecer contrário do TCE-RJ os vereadores Fernando, Uriel, Francisco, Evandro, Genilson e Flávio. Contra: Messias, Henrique e Alexandre.
O prefeito Mirinho, que depois entrou na justiça com ação para anular a resolução da câmara alegando que não teve direito de defesa, apresentou uma desculpa esfarrapada de que não pode fechar suas contas por falta de luz na prefeitura. De fato, no último dia útil da sua administração ocorreu um blecaute na cidade, mas tal fato não pode justificar um rombo de mais de 4 milhões de reais no caixa, um déficit orçamentário de mais de 14 milhões e o uso dos royalties para pagar funcionários. Deu outra desculpa mais razoável quando alegou que o município sofreu uma diminuição significativa na arrecadação em função da queda no repasse dos royalties e na receita proveniente do ICMS do petróleo. Mas a garfada dada pela governadora Rosinha Garotinho nas receitas de Búzios também ocorreu em outros municípios da Região dos Lagos e todos eles foram, gradativamente, ao longo do ano, se adaptando à nova realidade financeira. Nenhum deles teve problemas por isso. No final, com esses argumentos só conseguiu convencer o juiz de Búzios que lhe concedeu uma liminar para poder disputar a eleição de 2008. No julgamento do mérito o próprio juiz reconsiderou sua decisão anterior.
O vereador Flávio Machado- um dos vereadores que votaram a favor do parecer contrário do TCE-RJ- denunciou, no dia da votação, que o ex-prefeito queria conquistar o seu voto com propina. Mirinho prometera entrar com uma ação contra o vereador, mas nada fez. Ao jornal falou o seguinte:
"Estou com a gravação aqui no meu bolso. Quem entende de propina é o Flávio Machado. Tenho a certeza absoluta que ele entende muito de nepotismo, entende de tudo quanto é coisa errada. Não estive com o Flávio Machado, em nenhum momento procurei o Flávio Machado...Ele vai responder isso judicialmente."
Depois de confessar que só procurou dois vereadores, Genilson e Uriel, para pedir voto, disse que "jamais tive contato com outros vereadores nesse sentido, pedindo qualquer tipo de coisa. Até porque pensei muito, amadureci muito e não quero ficar devendo nada a esse tipo de gente."
Mirinho termina seu depoimento ao jornal ameaçando:
"Eu não vou fiscalizar só o poder Executivo não. Eu vou fiscalizar também o poder Legislativo. Eles vão ter que explicar, por exemplo, porque fazem uma lei proibindo novos supermercados em Búzios. Tem que ter uma explicação...Quem encomendou essa lei? Aí eles têm o disparate e a cara de pau de dizer: 'Pode supermercado sim, só não pode a sete quilômetros de distância'. Se você pegar sete quilômetros de um supermercado e de outro, acabou o município. Interessa a quem essa lei? Ao mercadinho pequeno de Cem Braças ou ao do Centro de Búzios? Não, interessa a alguns grandes que encomendaram essa lei."
Sobre a questão da propina o prefeito não fez nada. Nenhuma ação judicial. Ficou por isso mesmo. O vereador Flavio Machado, acusado pelo prefeito de "entender de propina", também nada fez. A referência ao nepotismo verdadeiro do vereador cai sob medida na carapuça do prefeito, tendo em vista a sua parentada atualmente empregada. Mais tarde Flávio se arrependeu de ter votado a favor do parecer do TCE-RJ. Disse que foi forçado pelo grupo do prefeito Toninho Branco. Não é meigo! Hoje pertence ao grupo político de Mirinho. Não só ele. Dos seis que votaram contra as suas contas, Fernando e Francisco Neves também. Quanto à Lei dos supermercados, Mirinho esqueceu de cobrar explicações. O próprio mercado resolveu a pendenga. A primeira Lei, chamada sabiamente pelo povo de Lei "Princesa", foi revogada. A Lei que a revogou foi apelidada de Lei "Só Ofertas", supermercado que precisava da revogação para poder se instalar na cidade. Esta é a política de Búzios! E Mirinho ainda teve a cara de pau de dizer: " Não quero nenhum tipo de contato com essas peças. Eles representam hoje o que a gente combate em Búzios." Combate nada, prefeito. Nunca combateu.
Observação:
Em um dos cartazes está escrito: vereadores, hoje lhes botam cabresto, amanhã lhes darão ração.
Vejam o editorial do jornal Primeira Hora do dia 22/03/2006
Araruama assombra Búzios
"O auditório da Dom Quixote, que comporta 450 lugares, recebeu a visita do Prefeito de Araruama Chiquinho do Atacadão, agora da Educação. Falou de sua experiência e disse que a garantia do futuro é dar prioridade à Educação, o caminho para o conhecimento, para libertação e desenvolvimento do ser humano. Hoje o município de Araruama é referência nacional no ensino. Representantes do povo, saíram reclamando do auditório lotado, alguns com conversa de minhoca, pelo fato de não ter pé nem cabeça. Usando uma cortina de hipocrisia se sentiram lesados pelo palestrante. Ao que parece o público presente gostou muito, principalmente porque estão cansados de varejo. O povo quer atacado. Os estrategistas de plantão do governo começaram seus ataques usando da política mitômana, aquela que apedreja aviões para ver se eles caem.
O povo em sua rica sabedoria responde: O governo tem que se espelhar no que é bom e tentar fazer melhor, para sairmos da ignorância em que vivemos. Quando me refiro à ignorância não
emprego o termo como um insulto, mas como o diagnóstico de que ignoramos fatos reais por falta de informação e leitura.
O prefeito Chiquinho tem o direito de se expressar, apesar dos contras. Ele mora aqui também, tem casa no Condomínio Amarras em Geribá, e tem há 8 anos um posto de gasolina na Rasa que contribui com impostos ao Município. Mas alguns, com medo de perder, ou aprender, estão procurando dossiês, que desabonem sua conduta. Algumas calúnias pairam no ar, como por exemplo o número de presentes à reunião, anunciado como 150 pessoas. Errado. Se o auditório tem 450 lugares e estava lotado (as fotos é que mostram), significa que alguém não sabe fazer conta. Jornais xerocados circularam com textos grotescos. Os colecionadores de dossiês dizem que tem tudo de todo mundo, desde
negócios ilícitos do Pato Donald à vida sexual da Vovó Donalda. Um veículo semanal se refere ao Prefeito de Araruama como figura nefasta. O susto está fazendo com que se garimpe tudo o que for possível, para neutralizar suas idéias sobre Educação. Alíás neste mesmo semanário perguntam : Cadê o garimpeiro? Há boatos de que ele continua na Bahia. Dizem que não agüenta mais comer carne seca, charque e vatapá. Está morrendo de saudade da Região e louco para comer um churrasco de picanha de um boi bem bom."
Meu comentárioO Chefe do Gabinete de Planejamento e Orçamento do governo Mirinho, Sr. Ruy Borba, não tem a mínima credibilidade. Muda de opinião como se muda de camisa, dependendo dos seus interesses de momento. É um oportunista, sem convicção alguma.
Vejam o editorial do Jornal Primeira Hora de 19/11/2005
Raposas atacam novamente
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Foto de Katheryne Dene |
"Em total desacordo com as diretrizes de preservação do Plano Diretor da Cidade, que esta prestes a ser aprovado pela Câmara dos Vereadores, um projeto mirabolante pode vir a ser construído logo após o término da moratória para construções, hoje vigente, destruindo o pouco que resta das belezas intocadas de Búzios. A verdade é que, da mesma forma como foi aprovado o condomínio da Azeda, no apagar das luzes do governo passado, outro projeto de grande porte saiu da mesma fornalha, objetivando beneficiar dois ou três proprietários de terra e prejudicar uma cidade inteira, descaracterizando um santuário ecológico, que deveria estar tombado como um dos patrimônios naturais do estado. A área a ser atacada, desta vez, é a Praia da Gorda. Pouco conhecida pelos turistas e visitantes, a área caracteriza-se por abrigar um dos raros mangues de pedras da região, ainda quase que totalmente preservado, justamente por ser conhecido quase que só por pescadores e pelos raros moradores do lugar. Quem já foi a Galápagos, arquipélago situado no Pacífico, sabe que milhares de turistas e cientistas revezam-se por aquelas ilhas, com muito cuidado para não destruir a preciosa e delicada natureza que, em muitos lugares se assemelha à nossa pequena amostra, a praia Gorda. Muita gente cruza os oceanos para apreciar aquele espetáculo caprichosamente desenhado pela natureza ao longo dos milênios. Nós temos em Búzios, algumas áreas de extremo valor geológico, científico e cênico, no entanto não fazemos um inventário delas, não as preservamos, não as cuidamos, para nós e para nossos descendentes. Sistematicamente, os governos se sucedem, repetindo atitudes predatórias, confundindo o patrimônio natural com oportunidade de lucro. A ganância e a ignorância associadas são extremamente perigosas quando o assunto é Natureza. Aquilo que poderia ser uma riqueza de todos, passa a ser um bem depreciado de poucos.
Pode-se imaginar por quantas aventuras geológicas e marinhas ao longo dos milênios, aquela área passou para
oferecer ao visitante um cenário que deveria fazer parte de um roteiro turístico da cidade com guia e explicações científicas. Como uma obra de arte, que necessita do artista e do público para ser devidamente apreciada, a Natureza cria as suas obras para o deleite de todos os seres vivos. O entorno de tais áreas deve ser cuidado como o palco onde se apresentam todos os dias a fauna e a flora em seu espetáculo natural, no entanto, terrenos adjacentes à Praia Gorda foram contemplados com um grotesco projeto de condomínio com 180 casas asfixiando e desvalorizando toda a área. Tal absurdo que, deveria ser prontamente afastado, evocando o arsenal de excelentes leis de nosso código ambiental, em âmbitos municipal, estadual e nacional é alegremente acolhido pelos administradores, que sem nenhuma visão pública, não percebem o erro em aprovar projetos sem nenhum suporte legal e que prejudicam a sua imagem e a do município.
Eles pretendem cansar os moradores cidadãos, pois quando mal pensamos que afastamos um perigo, como o dos apart-hotéis, novamente vem outro golpe em surdina, para ver se nos pegam desprevenidos. No entanto, por sorte, temos em Búzios uma massa crítica bastante considerável. As pessoas estão alertas e não vão permitir que crimes contra a cidade sejam cometidos. Se os governantes se dizem os maiores amantes de Búzios, seus filhos diletos, esta na hora de demonstrar isto, tomando atitudes firmes contra projetos que vão destruir a memória natural da formação de sua paisagem, cada vez mais conhecida e visitada por pessoas que vem do outro lado do planeta, atraídos pelas decantadas belezas desta pequena cidade. Se o processo de destruição continuar, o que teremos a oferecer a estes visitantes? O Plano Diretor de
Turismo, projeto que deverá ser feito logo a seguir ao Plano Diretor da Cidade poderá se tornar desnecessário, visto que, neste andar da carruagem, esta atividade será apenas uma lenda dos bons tempos de Búzios."