Estive no Rio hoje. Paguei 40,00 reais pra ir e 42,00 pra voltar. Acho isso um roubo. Por que não temos opção de escolher outra empresa? Quando é que vamos acabar com o monopólio da 1001? É só culpa do governador? Mirinho não tem nada com isso?
Ouvi com bastante atenção a despedida emocionada do ex-pré-candidato Chiquinho da Educação na rádio Ondas, neste sábado de manhã. Receber a notícia de estar com câncer é como receber uma paulada na moleira. Deixa a gente atordoado. É como se perdêssemos o chão onde pisamos. Compreendo muito bem o que Chiquinho está passando porque tive câncer em 2007: tumor na bexiga, causado por cigarro. A paulada da notícia é atordoante porque logo associamos a doença à morte. Estar com câncer seria como um aviso antecipado de que estaríamos frente a frente com a morte, muito brevemente. Felizmente, hoje as coisas não são bem assim. Muitos tipos de câncer já têm cura. Torço para que esse seja o caso de Chiquinho. Que ele se recupere rapidamente!
Na cidade dos boatos, espalharam-se vários. O menos ofensivo ao pré-candidato, dizia que Chiquinho não estaria com câncer. A doença seria uma desculpa inventada porque ele estaria perdendo aliados com o seu jeito meio estúpido de ser. Estúpido, arrogante, individualista, sabedor de tudo. Gente arrogante é o que não falta em Búzios. E tem vários desta estirpe assessorando candidatos tanto na oposição quanto na situação. Costumo dizer que quando o ególatra se instala em Búzios, rapidamente ele se espraia por toda península.
Realmente, é possível que isso tenha ocorrido. Mas uma pessoa que perdeu o pai e a mãe com a mesma doença, que já teve câncer nos rins em 1995, tem bastante crédito para que acreditemos que o doença exista. E não dá para pedir que uma pessoa nestas condições continue na disputa eleitoral, principalmente se tratando de Búzios que, ao que tudo indica, terá uma das mais acirradas eleições de sua história. Espero que sem violência.
A emoção da despedida da campanha na rádio Ondas deve ter contagiado todos os ouvintes. Com a voz rouca e embargada, Chiquinho se despediu dos seus eleitores. Aidê, Gilberto Meirelles, Zé da Rasa, Robinho, Sandro e Carlos Terra, no mesmo tom, bastante emocionados, falaram no programa.
Isto diz respeito ao cidadão Chiquinho. Outra coisa é o pré-candidato Chiquinho da Educação. Para quem continua atuante na política buziana, o importante, daqui pra frente, é analisar como fica o tabuleiro da eleição de 2012 sem Chiquinho.
Tenho bom trânsito entre os pré-candidatos de oposição, Evandro e João Carrilho, como tinha com Chiquinho e seu braço direito, Carlos Terra. Com estes dois, algumas afinidades pessoais fizeram com que nos aproximássemos um pouco mais. O mesmo se pode dizer em relação aos assessores do Evandro, Assis e Michael. Com os Carrilhos, tenho muito mais aproximação com o filho do que com o pai, inclusive pelo excelente trabalho que ele vem fazendo na Câmara de Vereadores, que frequento sempre que posso.
Todos que me conhecem sabem que nenhum deles é meu candidato. Nunca poderia apoiar candidatos de Paulo Melo ou de Garotinho. Para mim, eles- Garotinho e Paulo Melo- não deveriam estar em um parlamento, mas em um lugar bem diferente. Mas temos uma coisa que nos aproxima: lutamos para derrotar o desgoverno Mirinho, candidato de Picciani e Sérgio Lalau. Nessa luta, tudo indicava que Chiquinho era o mais preparado para enfrentar e derrotar Mirinho. Primeiro: pela sua experiência de dois mandatos à frente da prefeitura de Araruama. Segundo: por ser um marqueteiro de primeira, repercutia as realizações de sua duas gestões por lá. Terceiro: o candidato tinha uma energia descomunal, fazendo política 24 horas por dia. Coisa rara de se ver por aqui. Quarto: Chiquinho era um estudioso da realidade buziana. Pesquisava em todas as fontes, inclusive recorria muito ao meu blog. Às vezes, me telefonava em busca de dados. Nenhum outro pré-candidato fazia isso.
Realmente, Chiquinho, apesar de político pragmático e tradicional, estabeleceu um diferencial em Búzios. Nunca mais a campanha eleitoral em Búzios poderá ser como fora até então. Nunca tivemos oposição. Aquela que incomoda, aquela que provoca mudanças no adversário. Toninho sempre foi a oposição que Mirinho queria. E não foi diferente, quando Mirinho amargou a oposição, de 2005 a 2008. Nunca tivemos oposição. Tínhamos fila de espera. Ficava-se quatro anos olhando o adversário fazendo mil malfeitos na prefeitura (como se isso fosse natural da política) esperando a sua vez de fazer o mesmo. Nada de criticas contundentes ao desgoverno de plantão. Nada de denúncias ao MP. E, principalmente, nada de mobilizar a população para sair as ruas para combater os crimes cometidos. A população era guardada como exército eleitoral de reserva para, de quatro em quatro anos, ser mobilizada para votar em outubro. No dia da votação, adestrada, colocava a roupa mais bonita para depois se recolher ao sacrossanto aconchego do lar esperando as benesses prometidas pelos seus candidatos.
Chiquinho, no pouco tempo de campanha, a seu modo, colocou o dedo na ferida. Mostrou que o medíocre governo Mirinho foi incapaz de, em três mandatos, resolver os problemas estruturais de Armação dos Búzios: não resolveu a questão da mobilidade urbana (transporte público), do saneamento e da saúde pública, a questão administrativa, fundiária, habitacional, educacional e ambiental. Costumava dizer, com razão, que não tínhamos uma cidade. Acrescento: não temos uma cidade porque não temos na prefeitura um gestor público. O que temos lá é "ação entre amigos".
Chiquinho incomodava tanto Mirinho que este se viu obrigado a prometer construir um teatro, um pórtico na entrada do antigo lixão, correr atrás de imóvel, com urgência, para instalar creches, e implantar, apressadamente, em escola de ensino fundamental na Rasa, um curso de 2º grau.
Esperamos que os pré-candidatos de Paulo Melo do PSC (Genilson ou Dr André) e do PSB ( João Carrilho), e o candidato do Garotinho do PR (Evandro) tenham aprendido a lição. Que façam uma pré-campanha eleitoral civilizada, mas incisiva. Que coloquem o dedo na ferida. Que se informem sobre a realidade buziana. Que não percam de vista a necessidade de união pois o inimigo principal de todos é o desgoverno municipal, que se chama Mirinho Braga. E, principalmente, que mobilizem os moradores de Búzios para que venham para as ruas e praças defender seus direitos e combater governos corruptos, pois, afinal, como dizia o poeta, a praça é do povo como o céu é do condor.
Comentários:
Só lamento que não exista uma mulher candidata a prefeita.