Depois que sua candidata Maria Alice perdeu as eleições de 2004, Mirinho, com muita dificuldade, ensaiou uma autocrítica. Reconheceu que fizera nomeações que não deveriam ter sido feitas.
"Eu não nomearia algumas pessoas de jeito nenhum... Hoje vejo que tem níveis para os cargos, essa foi a falha" (Mirinho, OPM, 5/8/05).
Parecia que não nomearia mais pessoas sem competência ("nível") para os cargos.
Após a vitória de 2008, disse que só traria de volta aqueles secretários que tivessem dado certo nas suas gestões anteriores. Mas quando trouxe de volta Carlinhos (finanças), Carolina (educação), Isac (turismo) e Henrique (serviços públicos) ficou claro que mentira em relação ao critério utilizado na escolha. O critério não era a competência mas o companheirismo.
"Teve gente que só queria as coisas boas, mas na hora de roer osso não sentou à mesa" (Jornal de Sábado, 20/08/2005).
Talvez tivesse ficado constrangido em citar, junto com os demais, o nome do presidente da Comissão Permanente de Licitação, Sérgio Eduardo Batista Xavier de Paula, como companheiro que também tivesse roído o osso junto com ele e que, por isso, também merecia ser trazido de volta ao seu antigo posto. Afinal são companheiros inseparáveis desde o primeiro dia (1/1/1997) de seu primeiro governo.
"Acho que fiz um ótimo governo. Se pensar em Búzios em 1997 e agora, em 2004, a cidade avançou muito, da educação ao turismo, passando pelo meio ambiente e outros setores"... Entre os destaques, Mirinho citou a Educação, área que mais se desenvolveu em seu governo: "a educação em Búzios é exemplo em todo o estado e no país. Tanto que ganhamos vários prêmios" (Mirinho Braga, Folha dos Lagos, 11/12/04).
"Durante 8 anos conseguimos construir não apenas prédios de escolas, mas uma educação de qualidade reconhecida e premiada em âmbito nacional"...( Mirinho, Domingo, 18/11/2007).
Só se for exemplo negativo, prefeito. O jornal O Globo de hoje publica pesquisa do INEP do MEC que constatou que o município de Búzios é o pior ensino médio da Região dos Lagos quando se avalia os quesitos "abandono" e a "reprovação". É o pior tanto no primeiro ano quanto nos três anos de duração do curso. Se a situação do ensino médio no estado, segundo o estudo, é "crítica", em Búzios é "pior ainda", pois 53,6% dos estudantes de 2º grau abandonam a escola ou são reprovados no primeiro ano. Para comparação, na pobre Italva a taxa de abandono e reprovação é de 5,8%. Nos três anos do curso a taxa é um pouquinho melhor, mas ainda continua sendo a pior do estado: 41,6 %.
A sua educação de "qualidade" e "premiada", segundo a mestre em educação, Wanda Engel, pode ser ainda muito pior, pois, em todo o estado, pelo menos 20% dos alunos do ensino fundamental não se matriculam no ensino médio.
Os especialistas são unânimes em apontar entre os vários fatores que levam ao abandono e que causam reprovação as falhas do ensino fundamental. Em Búzios, o ensino de "qualidade" oferecido faz com que muitos alunos não consigam acompanhar o ritmo das aulas no 2º grau. Aponto mais alguns fatores: a falta de democracia interna nas escolas de Búzios, a existência de uma concepção de escola hostil aos jovens e a situação econômica de suas famílias que faz com que entrem cedo no mercado de trabalho.