Ouvi com bastante atenção a despedida emocionada do ex-pré-candidato Chiquinho da Educação na rádio Ondas, neste sábado de manhã. Receber a notícia de estar com câncer é como receber uma paulada na moleira. Deixa a gente atordoado. É como se perdêssemos o chão onde pisamos. Compreendo muito bem o que Chiquinho está passando porque tive câncer em 2007: tumor na bexiga, causado por cigarro. A paulada da notícia é atordoante porque logo associamos a doença à morte. Estar com câncer seria como um aviso antecipado de que estaríamos frente a frente com a morte, muito brevemente. Felizmente, hoje as coisas não são bem assim. Muitos tipos de câncer já têm cura. Torço para que esse seja o caso de Chiquinho. Que ele se recupere rapidamente!
Na cidade dos boatos, espalharam-se vários. O menos ofensivo ao pré-candidato, dizia que Chiquinho não estaria com câncer. A doença seria uma desculpa inventada porque ele estaria perdendo aliados com o seu jeito meio estúpido de ser. Estúpido, arrogante, individualista, sabedor de tudo. Gente arrogante é o que não falta em Búzios. E tem vários desta estirpe assessorando candidatos tanto na oposição quanto na situação. Costumo dizer que quando o ególatra se instala em Búzios, rapidamente ele se espraia por toda península.
Realmente, é possível que isso tenha ocorrido. Mas uma pessoa que perdeu o pai e a mãe com a mesma doença, que já teve câncer nos rins em 1995, tem bastante crédito para que acreditemos que o doença exista. E não dá para pedir que uma pessoa nestas condições continue na disputa eleitoral, principalmente se tratando de Búzios que, ao que tudo indica, terá uma das mais acirradas eleições de sua história. Espero que sem violência.
A emoção da despedida da campanha na rádio Ondas deve ter contagiado todos os ouvintes. Com a voz rouca e embargada, Chiquinho se despediu dos seus eleitores. Aidê, Gilberto Meirelles, Zé da Rasa, Robinho, Sandro e Carlos Terra, no mesmo tom, bastante emocionados, falaram no programa.
Isto diz respeito ao cidadão Chiquinho. Outra coisa é o pré-candidato Chiquinho da Educação. Para quem continua atuante na política buziana, o importante, daqui pra frente, é analisar como fica o tabuleiro da eleição de 2012 sem Chiquinho.
Tenho bom trânsito entre os pré-candidatos de oposição, Evandro e João Carrilho, como tinha com Chiquinho e seu braço direito, Carlos Terra. Com estes dois, algumas afinidades pessoais fizeram com que nos aproximássemos um pouco mais. O mesmo se pode dizer em relação aos assessores do Evandro, Assis e Michael. Com os Carrilhos, tenho muito mais aproximação com o filho do que com o pai, inclusive pelo excelente trabalho que ele vem fazendo na Câmara de Vereadores, que frequento sempre que posso.
Todos que me conhecem sabem que nenhum deles é meu candidato. Nunca poderia apoiar candidatos de Paulo Melo ou de Garotinho. Para mim, eles- Garotinho e Paulo Melo- não deveriam estar em um parlamento, mas em um lugar bem diferente. Mas temos uma coisa que nos aproxima: lutamos para derrotar o desgoverno Mirinho, candidato de Picciani e Sérgio Lalau. Nessa luta, tudo indicava que Chiquinho era o mais preparado para enfrentar e derrotar Mirinho. Primeiro: pela sua experiência de dois mandatos à frente da prefeitura de Araruama. Segundo: por ser um marqueteiro de primeira, repercutia as realizações de sua duas gestões por lá. Terceiro: o candidato tinha uma energia descomunal, fazendo política 24 horas por dia. Coisa rara de se ver por aqui. Quarto: Chiquinho era um estudioso da realidade buziana. Pesquisava em todas as fontes, inclusive recorria muito ao meu blog. Às vezes, me telefonava em busca de dados. Nenhum outro pré-candidato fazia isso.
Realmente, Chiquinho, apesar de político pragmático e tradicional, estabeleceu um diferencial em Búzios. Nunca mais a campanha eleitoral em Búzios poderá ser como fora até então. Nunca tivemos oposição. Aquela que incomoda, aquela que provoca mudanças no adversário. Toninho sempre foi a oposição que Mirinho queria. E não foi diferente, quando Mirinho amargou a oposição, de 2005 a 2008. Nunca tivemos oposição. Tínhamos fila de espera. Ficava-se quatro anos olhando o adversário fazendo mil malfeitos na prefeitura (como se isso fosse natural da política) esperando a sua vez de fazer o mesmo. Nada de criticas contundentes ao desgoverno de plantão. Nada de denúncias ao MP. E, principalmente, nada de mobilizar a população para sair as ruas para combater os crimes cometidos. A população era guardada como exército eleitoral de reserva para, de quatro em quatro anos, ser mobilizada para votar em outubro. No dia da votação, adestrada, colocava a roupa mais bonita para depois se recolher ao sacrossanto aconchego do lar esperando as benesses prometidas pelos seus candidatos.
Chiquinho, no pouco tempo de campanha, a seu modo, colocou o dedo na ferida. Mostrou que o medíocre governo Mirinho foi incapaz de, em três mandatos, resolver os problemas estruturais de Armação dos Búzios: não resolveu a questão da mobilidade urbana (transporte público), do saneamento e da saúde pública, a questão administrativa, fundiária, habitacional, educacional e ambiental. Costumava dizer, com razão, que não tínhamos uma cidade. Acrescento: não temos uma cidade porque não temos na prefeitura um gestor público. O que temos lá é "ação entre amigos".
Chiquinho incomodava tanto Mirinho que este se viu obrigado a prometer construir um teatro, um pórtico na entrada do antigo lixão, correr atrás de imóvel, com urgência, para instalar creches, e implantar, apressadamente, em escola de ensino fundamental na Rasa, um curso de 2º grau.
Esperamos que os pré-candidatos de Paulo Melo do PSC (Genilson ou Dr André) e do PSB ( João Carrilho), e o candidato do Garotinho do PR (Evandro) tenham aprendido a lição. Que façam uma pré-campanha eleitoral civilizada, mas incisiva. Que coloquem o dedo na ferida. Que se informem sobre a realidade buziana. Que não percam de vista a necessidade de união pois o inimigo principal de todos é o desgoverno municipal, que se chama Mirinho Braga. E, principalmente, que mobilizem os moradores de Búzios para que venham para as ruas e praças defender seus direitos e combater governos corruptos, pois, afinal, como dizia o poeta, a praça é do povo como o céu é do condor.
Comentários:
E agora, Nani?
A festa acabou em 2008, no dia 31/12/2008.
A luz apagou porque seu governo não pagou a conta. Até hoje estamos devendo à AMPLA.
O povo sumiu porque Nani não fez nada do que prometeu.
E agora, Nani?
e agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros achando que sabe tudo.
E agora, Nani?
Está sem discurso. Cadê Paulo Melo que Nani trouxe para romper o cordão umbilical com Cabo Frio? Só lhe resta procurar o Zézinho Bonifácio.
Está sem carinho. Nani quer dar seu apoio a alguém mas não deixam ele aparecer. Ninguém quer andar em lugar público com ele. Quanta solidão, Nani!
O bonde não veio. Nani está parado em 2008 procurando outro Toninho Branco para usar. Mas o bonde já passou faz tempo.
O riso não veio porque naquele jornal que você deu entrevista ninguém ri. Eles levam uma triste vida de ódio e interesses mesquinhos.
Não veio a utopia porque ela é feita de sonhos coletivos. E esse sonho você nunca sonhou.
E tudo acabou. Seu partido acabou porque não ficou ninguém nele. Só restaram você e Octavinho.
E tudo fugiu. Todo seu grupo político ficou com o seu desafeto, menos um, Otavinho, que não se sabe quanto tempo vai ficar com você.
E tudo mofou porque Nani voltou para os braços do atraso que nos desgoverna.
E agora, Nani?
E agora, Nani?
Sua lavra de ouro está pronta. Este é o seu legado da passagem pelo governo: a construção de uma boate de três andares, usando areia da praia do Canto e jogando entulho no mar. Você e seu grupo político tudo podiam, não é, Nani?
Sua incoerência o faz retirar tudo o que disse do seu desafeto atual há pouco tempo atrás. O desafeto antigo vai virar santo brevemente.
Seu ódio - e agora? Sobrou até pra ACEB. Que vergonha, Nani, você pegou de volta as TVs que tinha doado para a associação! O ódio era tanto que a TV maior caiu e espatifou-se!
Quer morrer no mar,
mas o mar secoucom o entulho da obra da sua boate que você jogou nele.
Nani, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, Nani!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, Nani!
Nani, para onde?Observação: adaptação livre à realidade política de Armação dos Búzios do poema "E agora, José?", de Carlos Drummond de Andrade.
Comentários:
No território político dos sem princípios não se podia esperar outra coisa a não ser o vale tudo eleitoral para 2012. O que importa mesmo para eles é o poder. Faz-se tudo, mas tudo mesmo, aí incluído pisar em pescoço de mãe, para manter-se no poder ou conquistá-lo. Os dois principais grupos políticos de Búzios, em essência, não têm diferença nenhuma: querem tomar o poder político para por em prática as políticas particulares dos especuladores imobiliários, da grande hotelaria e do grande comércio. Cada grupo representa uma fração destes setores.
Do lado da situação, o prefeito Mirinho Braga, apesar de não fazer nada para resolver os problemas fundamentais da cidade, fez um esforço colossal para "pegar" o principal partido da oposição, o PMDB. Conseguiu com o seu amigo o ex-deputado Picciani- um dos grandes beneficiários do loteamento da cidade feito pelo atual prefeito. Não importa que isso custe para o povo de Búzios mais um governo desastroso, o que o prefeito quer é exibir os despojos do PMDB histórico- transformado em legenda de aluguel- como um troféu conquistado da oposição, humilhando seus adversários.
Do lado da oposição, o deputado estadual Paulo Melo, além de nada fazer quanto ao PMDB, decide apoiar Chiquinho da Educação, por ser, segundo as pesquisas que diz ter em mãos, o único com chances de derrotar Mirinho. Este apoio ainda tem dois aditivos: um, Chiquinho compromete-se em apoiar a reeleição do prefeito André Mônica, o candidato de Paulo Melo em Araruama; dois, o deputado estadual ganha em densidade eleitoral para sua reeleição em 2014, pois o colégio eleitoral de Araruama é muito maior que o de Búzios. Pragmático, como todos esses personagens políticos sem princípios, rompe com a palavra dada aos que sempre estiveram com ele em Búzios desde 2006. Nessas horas, o que menos vale é palavra, honra, compromisso, o que importa é o poder. Com a sua decisão, rifa os vereadores Genilson, Joãozinho, Nobre e Evandro, os candidatos Maria Alice, João Carrilho e Salviano, jogando-os às feras. Ou apoiam Chiquinho ou vão plantar batatas.
Resumo: quem mais perde com essas articulações políticas recentes é o povo trabalhador de Búzios. A esquerda tem a obrigação de construir uma terceira via alternativa a essas duas vias dominantes. Ou perderá mais uma vez o bonde da história.
Ver:
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/8887No Twitter: marciabispo
RT @luizdopt: A política pornográfica de Búzios 2 nblo.gs/ktGIy //É uma putaria mesmo...
Só lamento que não exista uma mulher candidata a prefeita.