Logo após sua vitória, Dilma disse que seu primeiro e maior compromisso será “honrar as mulheres brasileiras”. Disse mulheres, assim mesmo, no plural, porque, nesse imenso país continental, não existe uma mulher brasileira, mas uma multiplicidade delas. É por isso que serão muitos os desafios que enfrentará para honrá-las.
Dilma presidente terá o desafio de garantir à mulher trabalhadora doméstica todos os direitos trabalhistas concedidos às trabalhadoras em geral, fazendo com que ela deixe de ser a única categoria que constitui exceção à legislação trabalhista vigente.
Dilma presidente terá o desafio de valorizar o trabalho da mulher trabalhadora doméstica não remunerada e de lutar pela superação da atual divisão sexual do trabalho.
Dilma presidente terá o desafio de construir nos quatro cantos do país milhares de creches e pré-escolas para que a mulher que trabalha fora possa exercer sua profissão com tranqüilidade tendo com quem deixar seus filhos.
Dilma presidente terá o desafio de conceder à mulher trabalhadora rural crédito especial- o PRONAF MULHER - para que ela possa financiar sua produção agrícola familiar e também garantir um mínimo de cidadania – ter uma carteira de identidade- realizando mutirões do Programa Nacional de Documentação das Trabalhadoras Rurais.
Dilma presidente terá o desafio de continuar garantindo também o acesso igualitário das mulheres à terra, por meio da inscrição, cadastro e titulação de assentamentos da reforma agrária, bem como orientação jurídica e capacitação sobre os direitos das mulheres assentadas.
Dilma presidente terá o desafio de lutar pela redução do analfabetismo feminino (9,64% em 2006), em especial, entre mulheres negras (13,3%), indígenas e mulheres acima de 50 anos.
Dilma presidente terá o grande desafio de fazer uma revolução cultural no país- cujo lema poderia ser “viver a diferença, praticar a igualdade”- construindo uma cultura igualitária, democrática e não reprodutora de estereótipos de gênero, raça/etnia, orientação sexual e geração. Junto com o desafio da revolução cultural, enfrentar o desafio de fazer uma revolução educacional para que seja respeitada a diversidade, para promover uma educação inclusiva, não sexista, não racista, não homofóbica e não lesbofóbica.
Dilma presidente terá o desafio de apoiar a implementação do Estatuto do Idoso e do Estatuto da Criança e do Adolescente, enfrentando as desigualdades geracionais que atingem mulheres, com especial atenção às jovens e idosas.
Dilma presidente terá o desafio de promover a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/AIDS na população feminina, porque hoje as DST/AIDS se feminizaram, ou seja, há mais mulheres jovens infectadas pelo HIV do que homens jovens.
Dilma presidente terá o desafio de enfrentar todas as formas de violência contra as mulheres e de lutar para que seja reconhecido como um direito delas viverem sem violência. Dilma presidente terá o desafio de lutar também para desconstruir os estereótipos e representações de gênero, além de mitos e preconceitos em relação à violência contra a mulher.
Dilma presidente terá o desafio de sensibilizar a sociedade e implementar estratégias para a ampliação da participação das mulheres nos espaços de poder e decisão. Ela mesma poderá dar o exemplo escolhendo ministros também do sexo feminino.
Dilma presidente terá o desafio de criar mecanismos de apoio à participação político-partidária das mulheres. Este ano, apesar do número recorde de candidaturas, a bancada feminina na Câmara Federal manteve o mesmo número de 2006, que é de 45 mulheres, correspondendo a 8,9% do total de deputados federais.
Dilma presidente terá o desafio de contribuir para a criação e o fortalecimento dos conselhos estaduais de promoção e defesa dos direitos das mulheres nas 27 unidades da Federação. Seu grande desafio será conseguir “mais cidadania para mais brasileiras com participação e controle social”.
Observação: texto escrito a partir II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Site da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
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Fenômeno curioso que deve ser objeto de análise: Dilma perde em quase todos os municípios da Região das Baixadas Litorâneas. Das 10 cidades que compõe a Região, Dilma só ganha em duas: Silva Jardim e Saquarema. Em nenhuma delas consegue mais de 50% dos votos válidos. Na primeira, Marina fica em segundo. Na outra, Serra. Em todos os outros municípios Marina fica em primeiro: Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Araruama, Casimiro de Abreu, Cabo Frio, Iguaba Grande, Rio das Ostras e São Pedro da Aldeia. Em dois destes municípios Dilma não fica nem em segundo lugar, mas em terceiro: Arraial do Cabo e Cabo Frio. Fenômeno estranho porque Dilma ganha de Marina no Estado do Rio de Janeiro com uma diferença de mais de um milhão de votos! Será que a vitória de Marina na maioria desses municípios se deve ao fato dela ser evangélica?
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