Quarta-feira, 31.08.11
Que câmara de vereadores é essa que abre mão do seu direito de investigar? Que câmara de vereadores é essa que vota contra um requerimento da sua própria mesa diretora pedindo informações sobre a construção de um condomínio em desacordo com o que estabelece o Plano Diretor da cidade? Que câmara de vereadores é essa que abre mão de seu poder tornando-se títere do Executivo?
Na sessão de ontem os quatro vereadores da base (a vereadora Joice faltou) de sustentação do desgoverno municipal revelaram, ao vivo e a cores pela TV legislativa, quem são os dignos representantes da especulação imobiliária de Búzios. Alinhados com o governo e o secretário da especulação, nem ao menos deram importância a que as leis que eles mesmos criaram tenham sido rasgadas em prol do lucro fácil da incorporadora imobiliária que constrói o condomínio. Os argumentos usados para justificar o voto contrário ao requerimento são tão frágeis que denotam que os interesses em jogo são bem outros.
O vereador Messias volta com a cantilena de que vota contra porque os requerimentos são políticos. Ora, numa casa política, esperar o quê? Mas também esperar o que de um vereador que votou na Lei 17 sem ler, a pedido do pequeno especulador imobiliário Alexandre Martins, então vereador e hoje vice-prefeito da cidade. Bem sintomático, não? Sua frase “no mais tudo bem?” ficou famosa. Esperar o que de um vereador que tem o cinismo de dizer que o prefeito está correto em chamar os amigos por carta-convite. Mais pragmático que o rei, ainda reforça o posicionamento com a pergunta: queriam que ele convidasse os inimigos?
O vereador Felipe Lopes em sua argumentação contra a aprovação do requerimento disse que anteriormente fora usado, o que não aconteceria agora. Vereador usado? A troco de quê? Foi usado quando votou pela revogação da lei 20? Ou foi usado quando nada fez em relação à construção do condomínio em frente ao shopping 5000, obra realizada pela empreiteira do irmão do prefeito, com base na lei que ajudou a revogar? O secretário prometeu embargá-la, não foi? A obra, vereador, está lá prontinha, como um troféu à sua omissão.
Do vereador Leandro não se poderia esperar outra coisa mesmo tal é o seu alinhamento com o chefe do gabinete de planejamento. É o representante da especulação imobiliária assumido. Melhor que os outros, que tentam disfarçar.
O vereador Lorram, carente de argumentos, desqualifica o denunciante- o jornal O Perú Molhado- com um discurso digno da reacionária TFP (Tradição, Família e Propriedade), e esquece o principal, a denúncia. Perdido, chega a falar em complô para derrubar o secretário de planejamento. Ora bolas, vereador, não é mais fácil o secretário derrubar o prefeito?
O que precisa ficar claro é que todos os governos que tivemos até hoje foram governos da especulação imobiliária, porque ela é uma grande financiadora de campanhas eleitorais na cidade. Búzios não teve até hoje um secretário de planejamento que a especulação imobiliária não quisesse. Grandes proprietários de terras e grandes construtoras financiam campanhas para o executivo, todos sabem. Para o legislativo também, não é vereadores?
Observação: elogiáveis os discursos do vereador-presidente João de Mello Carrilho e Valmir Nobre. O discurso do primeiro deveria entrar para os anais da história do legislativo buziano.
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Sábado, 23.04.11
O modelo de desenvolvimento econômico e político posto em prática em Búzios, se não sofrer nenhuma modificação de percurso no curto prazo, inevitavelmente levará o município à ruína. Na economia, continuamos com o modelo de desenvolvimento insustentável baseado no tripé royalties, turismo predatório e construção civil. Nada de se procurar uma matriz econômica alternativa. Vários municípios da região ensaiam novos caminhos já há algum tempo: a Zona Especial de Negócios em Rio das Ostras; o Polo Têxtil de Cabo Frio; o projeto Minha Casa Meu Trabalho em Araruama; o Polo de Distribuição em São Pedro da Aldeia; e o Polo industrial em Saquarema.
E Búzios, nada. Nosso míope prefeito (assim como o anterior) continua acreditando que o turismo de qualidade por si só conseguirá gerar trabalho e renda para uma população de quase 30 mil pessoas. Ledo engano. Pior do que isso: em vez de se conseguir qualidade, estamos cada vez mais aumentando a quantidade de turistas de baixa qualidade que está arrebentando a frágil infraestrutura da cidade na parte peninsular.
Na esfera política, o grande capital especulativo imobiliário (entesourador de terras e construtoras) reina à vontade. Dividem-se em duas frações, uma pró Mirinho e outra pró Toninho. Dominam o executivo e raramente têm seus interesses contrariados na câmara de vereadores. Em determinadas ocasiões, quando necessário, chegam a ter uma bancada à sua disposição.
Nesse quadro político, o prefeito de plantão se equilibra entre seus financiadores e as tradicionais famílias buzianas (nativos) que detêm os votos. Já se elege pensando na reeleição. Para conseguir isso precisa atender à demanda dos grandes proprietários de terras, quase sempre com prejuízo ambiental para a cidade, e saciar a fome de emprego das grandes famílias. Parece até que não é o prefeito que tem o poder de empregar. Os verdadeiros empregadores parecem ser as grandes famílias que também elegem os vereadores. Estes, por sua vez, também pressionam por empregos para os seus. Resultado: o prefeito gasta quase todo seu orçamento com a folha de pagamento e manutenção da máquina pública, não sobrando quase nada para investimento. Fica de mãos atadas. E a cidade desce ladeira abaixo. Como não se investe em infraestrutura e na construção de um modelo econômico alternativo não se consegue gerar empregos suficientes, mantendo a pressão por empregos na prefeitura. É o círculo vicioso nada virtuoso. Que não se espere um bom final desse processo.
É possível que hoje- depois de dois governos desastrosos- uma parcela considerável de nativos tenha percebido que a vaca está indo pro brejo ou que, até mesmo, já esteja no brejo. Também é possível que os não-nativos tenham percebido que precisam se mobilizar para participar do processo eleitoral para sair desse quadro de estagnação. Essa é a única forma de salvar a cidade. Chega de INHO.
Observação: este texto foi escrito por sugestão do meu amigo Sena a partir da leitura do excelente editorial “É cada um por si” do Jornal O Peru Molhado, escrito pelo meu amigo Sandro Peixoto.
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Quinta-feira, 03.03.11
Os prédios comerciais e residenciais pipocam no centro da cidade e nos bairros. Na revista Cidade-online (www.revistacidade.com.br) há o artigo “Demolição no Sabadão” comentando a demolição do imóvel localizado na Rua Raul Veiga, anexo à Paróquia Nossa Senhora da Assunção, proprietária do prédio. A demolição foi iniciada sem aguardar a emissão da licença da prefeitura. O artigo deve ser lido. Cristina Ventura, diretora do Instituto Municipal do Patrimônio, comentou que recebeu uma denúncia da retirada do telhado e acionou os órgãos municipais conseguindo o embargo da demolição. Quando a ordem de embargo chegou, todo o corpo do imóvel já estava no chão restando apenas a cozinha e um pequeno anexo nos fundos.
Vamos parar com o fingimento e admitir que, obviamente, a prefeitura sabia que a demolição iria acontecer. A pressão do setor imobiliário em Cabo Frio é de tal ordem que nem mesmos os padres resistem a tentação de receber a grana preta que é oferecida pelo setor. O grupo de mandachuva desse setor é formado por gente local desesperada em encontrar meio de sobreviver numa cidade onde 90% da população economicamente ativa tem renda média per capita mensal de menos de meio salário mínimo. Uma família de quatro pessoas está sobrevivendo com menos de R$1.100 por mês e, obviamente, nesses 90% não estão os que comporiam o mercado que se interessaria na compra dos imóveis que pipocam pela cidade.
Esse bando de mandachuvas, cínicos, que só se preocupam com a própria sobrevivência, tornou real o personagem criado por Chico Anysio, o deputado Justo Veríssimo, que dizia “Eu quero mais é que pobre se exploda”. Pois é o que acontece em Cabo Frio: o setor imobiliário vem dizendo para sua população “queremos mais é que vocês se explodam”.
Não há demanda para as unidades que são ofertadas, mas o que há é uma disputa para conseguir se tornar um cotista nos empreendimentos que são divulgados usando o sistema do boca-a-boca ou pela Internet. No caso do prédio demolido da Rua Raul Veiga algum mandachuva mandou o recado: “Podemos comprar o prédio ao lado da igreja, demolir a coisa e no lugar erguer um prédio; é uma excelente oportunidade para colocar dinheiro que não pode ser depositado em banco e sempre aparecerão trouxas que irão pagar R$5.000 por metro quadrado numa sala comercial no centro da cidade; se não vender, tudo bem; o que interessa é colocar o dinheiro num lugar onde não possa ser rastreado quanto à sua origem”.
Não vai adiantar se algum membro do grupo de mandachuvas na cidade telefonar para a editora desta revista exigindo que este artigo seja retirado do ar. Se acontecer, este artigo será enviado para vários blogs e espalhado pelo Brasil. Algum dia um promotor público irá tomar ciência da bandidagem que tomou conta da cidade de Cabo Frio e esses mandachuvas irão desfilar de cabeça baixa, algemados, entrando num camburão da polícia para serem devidamente enjaulados com feras nocivas à população deste município.
02/03/2011
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Terça-feira, 11.01.11
Por volta das 6 horas da tarde avistei este imenso incêndio na Baía Formosa bem próximo da entrada para o campo de golfe. Apesar do Corpo de Bombeiros estar a menos de 5 minutos do local, nenhum sinal deles. Presença do desgoverno, ou do governo dos concretadores da natureza, nem pensar. Este é o modus operandi da especulação imobiliária. É mais barato. E a impunidade está garantida. E Búzios... ladeira abaixo.
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Domingo, 24.10.10
Post 051 do blig
Data de publicação:14/05/2010 14:58
Só em Búzios mesmo. Búzios não tem área rural – a especulação imobiliária, que manda na cidade, não deixou que constasse no plano diretor uma área como tal- mas tem cavalos soltos nas ruas tarde da noite. Esses dois aí da foto foram vistos por volta da meia-noite próximo ao Shopping das Bromélias. Respeitavam os 40km/h do governo. Como não tem área rural, não tem onde guardá-los – a cidade não tem depósito para animais. Para completar o non-sense, a secretaria de meio ambiente está vacinando animais contra a febre aftosa. A primeira etapa começou no dia 10 de maio. Uma equipe está percorrendo os bairros de Baía Formosa, José Gonçalves, Rasa e Vila Verde. Não é essa a área rural do município? São 1.500 dose de vacinas. Temos 1500 animais em área urbana? A secretaria informa que será vacinado o gado dos 26 pequenos produtores já cadastrados. Onde eles produzem? O que eles produzem? A própria secretaria responde: bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Política pública para eles que é bom nada. Só mesmo vacina, que deve ser do governo federal. Fazer o que com eles, se eles não existem, né?
Comentários (1):1. 15/05/2010 às 2:50
j mathiel disse:
A PROPÓSITO, NUMA NOITE, QUASE BATI EM UMA CARROÇA QUE TRANSITAVA, SEM SINALIZAÇÃO LUMINOSA,, NA DESCIDA DA PONTE FELICIANO SODRÉ , EM CABO FRIO…
Meu comentário atual:
O governo alugou um caminhão devidamente equipado para "serviços de apreensão de animais soltos no município de Armação dos Búzios" (B. O. 446, de 06/08/2010). São R$ 22.804,20, por 6 meses. Uma perguntinha simples: para onde vão esses animais se a cidade não tem canil?
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