A medalha JBRDantas concedida ao senhor Ruy Borba é um reconhecimento, por parte de alguns vereadores, à sua atuação no processo de eleição da última Mesa Diretora da Câmara de Vereadores. Para quem não sabe, o referido senhor, logo após as eleições municipais, em outubro de 2012, usou o seu ex-jornal JPH para articular um nome alternativo ao do vereador Henrique Gomes- candidato do ex-prefeito Mirinho Braga. Nessa ocasião, o jornal já falava no nome de Leandro como cotado para o cargo.
Depois da derrota em Búzios e da definição, pela Justiça Eleitoral, da posse de Alair Corrêa em Cabo Frio, afastando definitivamente a possibilidade de Jânio Mendes assumir, eleger o vereador Henrique Gomes presidente da Câmara seria a última tábua de salvação para o grupo político de Mirinho. O JPH, em sua coluna Observatório, talvez exagerando, noticiava que Mirinho pretendia “acomodar cerca de 80 nomes da cúpula do antigo governo nos quadros do Legislativo, sob a presidência de Henrique” (Observatório, JPH, 5/1/2013).
Não haveria problema para Mirinho eleger o novo presidente do Legislativo pois seu grupo político fez 7 dos 9 vereadores. Mas a imposição do nome do vereador Henrique Gomes como seu candidato pôs tudo a perder. Mirinho precisava de um nome de sua inteira confiança na Casa Legislativa porque, por determinação judicial, suas contas de gestão de 2004 precisavam ser rediscutidas e apreciadas novamente pela Câmara de Vereadores. Como controla o seu partido com mão de ferro, não teve dificuldades de, em meados de dezembro , fazer a Comissão Executiva do PDT (9 membros) aprovar o nome de Henrique, do PP, como candidato do PDT à presidência da Câmara de Vereadores para o biênio 2013-2014.
Derrotado no próprio partido com a imposição do nome de Henrique Gomes, Felipe sentiu-se usado e abandonado por Mirinho. Passa então a apoiar o nome de Leandro- candidato da pequena especulação imobiliária da península de Búzios (casas geminadas, pombais)- como forma de dar o troco em Mirinho.
“Mirinho só foi candidato porque o preservamos de uma ação política com vistas à rejeição de suas contas na gestão de 2004. Como medida postergatória nos ausentamos de dezenas de sessões, e como consequência acabamos sendo expostos até em mídia nacional”. Tudo para “garantir a participação de Mirinho no pleito” (Felipe, JPH, 5/1/2013).
Felipe ficou livre para agir. Nem mesmo de infidelidade partidária ele poderia ser acusado. “Se houve infidelidade de alguma parte, esta partiu de maneira acintosa da direção do próprio diretório municipal do meu partido, que ao invés de apoiar minha candidatura para presidir o Poder Legislativo optou por um nome de fora de nossas fileiras” (Felipe, JPH, 5/1/2013).
Segundo o jornal O Peru Molhado, acordos sobre a concessão de “remanejamento de 50% do orçamento para o Prefeito e a inclusão de 8 milhões de reais de emendas parlamentares no orçamento de 2013” atraíram os votos dos vereadores governistas (Genilson e Zé Márcio). Faltava ainda um voto, o voto do companheiro de partido Lorram.
A eleição para a presidência da Câmara provocou uma verdadeira agitação na Península. Se não bastasse a atuação do senhor Ruy Borba em apoio ao seu candidato Leandro, outro personagem também devidamente "medalhado" e "titulado" pelos vereadores entra em cena durante o processo eleitoral: o desconhecido Nelson Belotti. Este, em apoio ao candidato de Mirinho, Henrique Gomes.
De acordo com o jornal Primeira Hora, Belotti, chamado erroneamente de Antônio, “figurinha nova na Cidade”, esteve na diplomação dos eleitos no Fórum de Búzios (dia 14/12). É considerado o “novo carne fresca” do mercado; aquele ao qual convergem todos os que necessitam de algum tipo de ajudinha nestes tempos bicudos. Circuito já trilhado por outros, como Modiano e Borba. “Depois de ser sangrado até os ossos, a Cidade, e aqueles que mais lhes sugarem preciosos recursos, irão cuspi-lo como fizeram anteriormente, com outros abonados que por aqui aportaram. Até lá muitos, representantes da imprensa inclusive, sugarão suas tetas e lhes dirão coisas lindas, só para tirar-lhe um pouco mais” (Observatório, JPH, 21/12/2012).
Mesmo com um colégio eleitoral tão minúsculo, 9 vereadores, a eleição da Mesa Diretora agitou a península, atraindo a atenção de dois milionários, Ruy Borba e Nelson Belotti, e de dois órgãos da imprensa buziana, o jornal Primeira Hora e O Perú Molhado. Como em toda campanha eleitoral, não faltaram "ironias" de ambos os lados:
“Quarenta panetones estão sendo entregues a alguns vereadores para serem degustados durante a votação” (OPM, 22/12/2012).
A mudança do voto de determinado vereador não teria sido “efeito dos 40 panetones embelotados que circularam na Cidade?”. (Observatório, JPH, 5/01/2013).
Conclusão: o povo buziano deve ficar muitíssimo atento à eleição da nova Mesa Diretora para o biênio 2015/2016. Setores organizados da sociedade civil devem se posicionar contra o loteamento político da Cidade por parte da especulação imobiliária. Afinal, por que será que depois de 2 anos do novo governo- que se declara a favor da sua criação- não se cria a Unidade de Conservação do Mangue de Pedra? Tudo indica que entre a preservação ambiental e a governabilidade, o governo prefere esta última.
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Estrutura administrativa da Câmara de Vereadores de Búzios |
A atual Mesa Diretora da Câmara Municipal de Búzios que aprovou moção de repúdio ao secretário de educação Claudio Mendonça por discordar dos critérios utilizados por ele no processo seletivo para contratação de professores da rede municipal, revela, com a atual estrutura administrativa que montou no Legislativo, que o único critério que utiliza para a seleção de seu quadro de funcionários é o político-eleitoral. Como sua clientela política foi alijada do Executivo devido à realização de concurso público, para agasalhá-la, os vereadores criaram dezenas de empregos desnecessários na Casa Legislativa. Exageraram na dose. Em 2000, tínhamos 34 cargos na Câmara, 4 de concursados. Hoje, temos mais de 120, com apenas 17 concursados, 13 do último concurso.
O concurso, que a Câmara também fez, parece que foi realizado para outra instituição. Os cargos e funções para os quais se fez o processo seletivo não têm relação com os cargos e funções atualmente existentes no Legislativo. O concurso parece que foi feito para uma estrutura paralela, visando preservar o curral eleitoral pré-existente. A jornalista Alessandra, aprovada, foi convocada para assumir sua função, mas não existe o cargo de jornalista na estrutura atual. Ela vai receber salário de R$ 2.367,82, enquanto a assessora de comunicação comissionada Rosângela- que desempenha a mesma função- ganha muito mais: R$ 3.946,41. O mesmo ocorre com a procuradora concursada Mariana. Seu cargo- procurador jurídico- tem salário de R$ 2.984,71, enquanto os outros dois procuradores comissionados- administrativo (Alan) e legislativo (Leonardo)- recebem R$ 5.277,95. O contador concursado Ian vai receber R$ 3.491,25, enquanto o controlador interno comissionado Joel recebe R$ 4.923,61. O único cargo de concursado com o mesmo nome na estrutura atual é o de técnico legislativo mas os salários também não são iguais. Carlinhos, indicado, ganha R$ 4.818,29, enquanto Rafael, concursado, vai ganhar apenas R$ 2.367,82.
Não se entende o motivo que levou a Mesa Diretora anterior a fazer essa distinção salarial entre concursado e não concursado, sempre em prejuízo do primeiro. Como não podem haver salários diferentes para funções iguais, acredito que, a longo prazo, geraremos um tremendo passivo trabalhista. Quem vai ser responsabilizada é a atual Mesa Diretora, claro. Chegamos ao absurdo de termos concursado com salário inferior ao salário mínimo vigente de R$ 678,00. Suelen, aprovada como agente de serviços gerais, receberia R$ 622,00. O que é ilegal!
A Constituição Federal de 1988 (artigo 37) estabelece que a regra para a contratação de pessoal na administração pública é a realização de concurso público.Abre-se exceção para as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Mas há limitações à essa liberdade de nomear, tais como a destinação de percentuais mínimos, previstos em lei, a serem preenchidos por servidores de carreira para ocupação de cargos com atribuições de direção, chefia e assessoramento (CF/88, art. 37, V) e a vedação ao nepotismo (Súmula Vinculante STF nº 13).
Considerando a estrutura atual, deveríamos ter apenas 12 cargos comissionados: secretário-geral, 6 diretores de departamento e 5 de chefes de seção. Tirando os 45 cargos dos gabinetes (18 assessor 1 e 27 assistente 1)- 5 por vereador (cargos eminentemente políticos) e os 15 de assessoria 2, teríamos ainda 65 cargos sobrando, todos de funções contínuas. Finalmente, excluindo-se os 12 cargos comissionados citados, a Mesa Diretora anterior deveria ter feito concurso para o preenchimento de, pelo menos, 40 cargos. Seriam eles: assessoria de comunicação ou jornalista (2), procurador (3), contador (2), técnico de informática (1), técnico de contabilidade (1), motorista (1) , operador de multimídia (1), agente de serviços gerais (1) e agente legislativo ou assistente 2 (28).
Comentários:
Carlos Guerra15 de março de 2013 13:47
Com efeito, o artigo 41 do Regimento Interno da Câmara prescreve que “toda Comissão terá como Secretário um funcionário da Câmara, indicado pelo Presidente da Câmara, a quem caberá a redação da Ata e supervisão dos trabalhos administrativos do órgão.” Logo, entende-se que esse servidor seja o técnico legislativo. Por que? O Edital do concurso da Câmara estabelece de modo claro que duas das atribuições do técnico legislativo se vinculam a essa responsabilidade de assessoramento das Comissões: - redigir pareceres das diversas comissões permanentes sobre projetos de lei, para atender ao que estabelece o regimento interno e legalizar a matéria; - secretariar comissões temporárias elaborando atos, ofícios e outros documentos. Assim sendo, levando-se em consideração que a Câmara de Búzios possui 09 (nove) comissões permanentes, fora as temporárias, não é aceitável que a mesma possua somente 01 (um) técnico legislativo. Se outras vagas de técnico legislativo não forem criadas entender-se-á que as funções de tal cargo estarão sendo desempenhadas por servidores sem a devida competência legal - comissionados ou contratados.
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Maria Belina Aleixo
Vergonha na Camara Municipal de Búzios, o Luiz Carlos Gomes, nem mencionou os Fantasmas. Tem Verador com mais de 10 Fantasminhas Camaradas. Isso, fora os cargos comissionados que são divididos por 2 ou mais pessoas, e os fantasmas, pessoas nomeadas que nem aparecem pra trabalhar, facilmente visto nas ruas, praias e academias em horário de expediente.