Estamos acostumados em Búzios a ver pessoas falarem o que bem entendem dos outros e estes não darem a mínima. Fazem de conta que não é com eles, mesmo que sejam acusados das maiores ilicitudes. Alguns até mentem dizendo que procuraram a justiça e coisa e tal. Na verdade ficam quietinhos com o rabo entre as pernas. Parece que existe um acordo tácito entre os dois grupos políticos que se revezam no poder estabelecendo que quem tá fora pode acusar e quem tá dentro (no poder) pode roubar à vontade. É como se todos se acumpliciassem.
Esta semana o Jornal O Perú Molhado (de 16/09/2011, mas com data errada de 23/09/2011) traz uma entrevista com o ex-secretário Octavinho que retrata bem este comportamento dos políticos buzianos. Zé Itajahy já dera uma entrevista com o mesmo teor tempos atrás falando horrores do atual prefeito e não deu em nada. Esta também deve ir no mesmo caminho.
Considerando que não estejamos sendo governados por um bando de cínicos (aí incluindo os vereadores da base) alguém tem que vir a público dar explicações. Afinal vivemos em um estado de direito democrático e o povo precisa saber se o que o ex-secretário afirmou é verdadeiro ou não. Não adianta fazer como o vereador Felipe Lopes que, na sessão de hoje, em vez de negar as acusações, partiu para o contra-ataque (mesmo que bem fundamentado). Para ajudar, formulei algumas questões:
1) Falta “vergonha na cara” do governo, prefeito Mirinho?
2) O governo municipal “implantou o terror” na cidade? Só porque se elegeu prefeito, o senhor Mirinho Braga “passa a perseguir o Manel” porque acha que Manel não votou nele?
3) É verdade que “tem lojas e empresas que sofrem perseguição do governo apenas porque emprega pessoas que trabalharam no governo anterior? O senhor, prefeito, faz “terrorismo” com esses empresários mandando a “fiscalização em cima”?
4) “Qualquer profissional que tenha tido vínculo com o governo passado é colocado na geladeira”, não tem seus projetos aprovados?
5) O senhor,prefeito, adota ”práticas nazistas” de perseguir adversários, deixando sem trabalho “ engenheiros, pedreiros, eletricistas, marceneiros, pintores, etc” ?
6) A cidade está “arrasada pela corrupção, caindo na vala comum da região”?
7) As pessoas que estão no poder não valem nada, “são bandidos”?
8) “Já temos obras com 4 andares”e feita por “filho da terra”? Quem é o nativo, prefeito? É parente seu? E quem autorizou?
9) “Nada funciona na cidade” porque o senhor, prefeito, resolveu “dar um cala a boca a todo mundo para se manter no poder”? Se cercou de gente que não sabe nada”, seus “amigos”, “gente despreparadíssima que jamais venceria na iniciativa privada” só porque tem 50, 100 votos?
10) São “empresas de amigos que fazem as obras da prefeitura”?
11) É verdade que “atrás do Bazar Cajaíba, num terreno onde por Lei só caberia uma casa, estão construindo 18? É verdade que deve ser um “condomínio de ciclistas pois não sobrou vaga para nenhum automóvel”?
12) “O senhor, prefeito, loteou a secretaria da saúde “entre amigos”? É verdade que o acerto na saúde de Búzios é “fifty-fifty, ou seja, meio a meio”?
13) É verdade que o senhor, prefeito, “perdeu 28 milhões em obras licitadas e contratadas (obras de saneamento e de drenagem) por ciúme, só porque foi projeto do governo anterior?
14) Os vereadores da base governista estão “vendendo” a cidade, prefeito? O que estão ganhando com a venda: cargos? contratos? ou dinheiro? ou uma combinação deles?
15) É verdade, prefeito, que “a secretaria de Planejamento” de seu governo “virou um bordel?”
A entrevista que o arquiteto Octávio Raja Gabaglia deu à repórter Dayane de "O Perú Molhado" (7/1/2011) revela que ele não está em seu juízo perfeito. Apesar da indignação com a situação atual de paralisia vivida pela cidade, Octavinho ainda acredita que Búzios possa voltar a ser o "paraíso" que era há 40 anos. Até aí nada demais. Eu também ainda creio que, apesar das dificuldades, Búzios possa encontrar um rumo.
A loucura aparece quando o arquiteto começa a falar do governo passado. Octavinho precisa, de qualquer forma, apagar da sua mente que participou dele como um figura de grande destaque. Era secretário de Planejamento e de Meio Ambiente, duas secretarias cobiçadíssimas tanto para o bem quanto para o mal. Em Búzios, muito mais para o mal. Deve ter considerado sua experiência no governo tão desastrosa que até mesmo o nome do ex-prefeito Toninho Branco se esforça para esquecer. Toninho é citado indiretamente como um dos "últimos prefeitos". Como se não tivesse nada a ver com o governo dele, defende que precisamos sair da mesmice dos governos que tivemos. Realmente precisamos sair da mesmice. Mas para mim tem uma grande diferença: sair da mesmice é constituir um governo que não tenha nem Mirinho nem Toninho... nem Octavinho, nem Nani, nem Salviano, etc.
Outra loucura ocorre quando fala dos engarrafamentos. Para ele nenhum turista gosta de levar 2 horas para chegar ao Centro vindo de Manguinhos. Isso é fato. Mas afirmar que na sua Via Azul (com 1km e pouco) não tem engarrafamento é coisa de quem, realmente, não está no pleno gozo de suas faculdades mentais.
Como narcisista e elitista, considera que os governantes precisam de berço (esplêndido), cultura e humildade. Humildade é coisa que o arquiteto nunca teve. Berço e cultura não são condições necessárias para se fazer um bom governo (aprovação do povo). O ex-presidente Lula é um bom exemplo recente, mesmo que não se concorde com o governo dele.
Finalmente, o arquiteto comete uma última loucura projetando nos outros aquilo que ele é. Afirma que Mirinho quando vira prefeitinho "acha que sabe tudo" e que os puxa-sacos de plantão o consideram um Deus. Pode-se dizer o mesmo de Octavinho: quando virou secretariozinho achou que sabia de tudo e não ouvia mais ninguém, principalmente o povo buziano. Não fica muito distante da "divindade" de Mirinho, pois chegou a afirmar na entrevista que será prefeito de Búzios quando quiser. Não basta a vontade não, é preciso ter votos desse povo "cego, surdo, mudo, sem memória e que continua votando em analfabetos".
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