Estima-se que uma candidatura a prefeito de Búzios custe entre 2 e 3 milhões de reais. Claro que estamos falando em candidaturas competitivas. Aquelas com chances de vitória. São nessas que os "investidores" colocam seu capital. Fala-se que a disputa por uma vaga de vereador não sai por menos de 10% desse valor, ou seja, seu custo deve estar entre 200 e 300 mil reais. Teve vereador com mandato que vivia alardeando, antes da campanha eleitoral começar, que tinha 400 mil reais pra gastar. Deve ter gasto muito mais.Temos informações de que a campanha de dois postulantes ao cargo, reconhecidas por todos como campanhas milionárias, não saíram por menos de 500 mil reais. Uns falam em 700 mil reais! Portanto, se essas informações estão corretas as prestações de contas dos candidatos a prefeito e vereador em Búzios devem conter apenas 10% do valor realmente gasto nas campanhas. O TRE-RJ e o TSE sabem disso?
Para analisar as prestações de contas dos vereadores eleitos- publicadas aqui no blog- vamos separá-las pelos tópicos das planilhas de despesas fornecido pelo TSE. Quanto às receitas, destacaremos a empresa e algumas figuras ilustres que tenham feito doações.
Dos vereadores eleitos, Lorram foi o que declarou ter tido a maior receita: pouco mais de 36 mil reais. Valor muito próximo ao declarado por Leandro e 2 mil reais superior à receita auferida por Zé Márcio. Gugu de Nair declarou a menor receita: 7 mil reais.
Apesar de ter a maior receita, o vereador que mais gastou não foi Lorram, mas Zé Márcio. Declarou ter gasto 34 mil e pouco reais. Lorram vem em segundo com 28 mil reais. As declarações de gasto de Gugu de Nair (1.525 reais), de Joice (3.899 reais), de Felipe Lopes ( 6.657 reais), de Messias (6.946 reais) e de Henrique Gomes ( 8.137,50 reais) são tão inacreditáveis como estes 50 centavos nas despesas de Henrique Gomes.
Inácio Henrique Alves que doou 3 mil reais para o vereador Leandro foi agraciado por este com uma "Moção de Congratulações e Aplausos". Como é meigo dar moção pra financiador de campanha! Veremos que Leandro não foi o único! Entre seus doadores consta a empresa "Guilhermo Hugo Pinto Gil ME". É a única empresa que doou dinheiro pra ele. Esta mesma empresa também vai fazer doação eleitoral pro Lorram. Apostou em dois pra pelo menos acertar em um! O presença do nome do ex-secretário Ruy Ferreira Borba Filho na relação de doadores indica que o vereador é o representante no legislativo da pequena especulação imobiliária construtora de "pombais", dos quais Ruy é fervoroso defensor. O deputado Arolde de Oliveira, apoiado pelo vereador em 2010, fez a maior doação: 5 mil reais. Retribuindo o favor.
O vereador mais votado de Búzios declarou ter contado com apenas 11 pessoas trabalhando pra ele. Todas mulheres. Assim como Mirinho tinha as suas "mirinetes", Leandro tinha as "leandretes". É curioso o fato delas receberem apenas por 1 mês e não pelos três meses de campanha. Estranho também o fato de terem recebido apenas 400 reais quando se comentava na cidade que nenhum assalariado na campanha ganhava menos que 1 salário-mínimo. Declarou ter gasto 6 mil reais com combustível. Como não alugou nenhum veículo, fica subentendido que colocou gasolina nos carros de terceiros, provavelmente seus cabos eleitorais. O gasto com publicidade em jornais e revistas foi de apenas 650 reais. Basta verificar propagandas no PH e no OPM. Para um candidato que inundou a cidade com placas, 9.929 reais de gasto nesta rubrica é muito pouco. Não consta nenhuma despesa com locação de imóvel apesar do vereador ter, pelo menos, um comitê na Rasa.
Felipe Lopes, o segundo mais votado, recebeu 4 mil reais de doação de uma única empresa, a "Birv Base de Inf. e Rep de veículo Ltda ME". Foi a sua maior doadora. Declarou não ter alugado nenhum veículo ou imóvel. Gastou 378 reais no Perú. Valor de uma edição. E 1.528 reais no PH. Declarou 2.300 reais de gasto com combustível. Nenhum gasto com placas, estandartes e faixas.
O vereador Lorram também fez um agrado a um financiador de sua campanha, concedendo a Liro da Costa Fernandes a "Medalha Dr. José Bento". Tinha 21 "lorramnetes", as quais também não pagou três meses. Consta na declaração o pagamento de apenas 2 meses de trabalho pra cada uma, também, como Leandro, a 400 reais por mês. Foi o único candidato que declarou ter consumido o que é muito consumido em campanhas eleitorais: ÁGUA. Gastou com o precioso líquido 1.745 reais. Lorram e Zé Márcio foram os únicos candidatos que se lembraram de declarar a "produção de jingles, vinhetas e slogans". Lorram gastou 300 reais e Zé Márcio, 1 mil reais. Em publicidade, gastou 650 reais no OPM e 2.640 no PH. Já em combustível, declarou ter gasto a metade do que gastou Leandro: 3.070 reais. Nenhum registro de locação de imóvel ou de veículo, apesar de sabermos que um comitê seu funcionava em Manguinhos. Recebeu também, como Leandro, doação da "Guillermo Hugo Pinto Gil ME".
Genilson teve como maior doador a Direção Nacional do PSC, seu partido. Recebeu 10.000 reais dele. Só tinha uma pessoa contratada, a qual pagou 400 reais, por apenas 2 meses. Alugou 1 imóvel por R$ 1.500 reais. Não declarou gasto algum com placas ou publicidade em jornais. Declarou ter alugado apenas 1 veículo.
Zé Márcio recebeu 16 mil reais da "Czuba e Santos Ltda". Declarou ter gasto apenas 1.375 reais com combustível e 7.645 reais com placas. Enquanto Zé Márcio gastou 11.160 reais com "material impresso", Leandro gastou apenas 2.420 reais. Com gastos com jornais foi a mesma coisa: Zé gastou 7.250,00 e Leandro apenas 650 reais. Nenhuma despesa com pessoal. Nenhum carro alugado. Imóvel: gasto de 1.500 reais, em 1 único imóvel, por três meses, no Cruzeiro da Rasa.
Joice também recompensou o financiador de campanha Paulo Cesar F. dos Santos com o "Título de Cidadão Buziano". Declarou não ter gasto um tostão com placas. Também não contratou ninguém, nem alugou nenhum imóvel, apesar de ter um comitê na entrada da Vila Caranga. Gastou apenas 350,00 reais com combustível, 271,60 reais com jornais e 3.228,40 reais com material impresso. Reparem nos centavos!
Henrique Gomes recebeu doação de duas empresas: "L Vieira Artes Gráficas - ME" e "Seven Serv. Digitais Ltda". Foi o único que declarou despesas com "carro de som".
Messias concedeu a Medalha Dr. José Bento a "Messias Antonio da Silva", financiador de sua campanha. A medalha "custou" 1.540 reais. A declaração de gastos do candidato são risíveis. Basta compará-las com as dos outros candidatos. Com serviços de terceiros gastou apenas 2.400 reais. Com o jornal O Perú Molhado, 378 reais. Este parece o preço de uma única edição. Com locação de imóveis, 700 reais por mês. O vereador poderia fazer uma investigação e mostrar pra população buziana porque os imóveis alugados pros vereadores são tão baratos quando comparados com os alugados pela Prefeitura. Com material impresso o vereador declarou ter gasto 1.540 reais. Com combustível, 1.228.
Finalizando. Gugu de Nair declarou ter gasto míseros 680 reais com material impresso e 765 com placas.
Fonte: TSE
Ver prestações de contas dos vereadores:
Comentários:
Encontrei isto na pesquisa:
Resolução n. 22.715/08 do TSE:
“CAPÍTULO III
DAS SOBRAS DE CAMPANHA
Art. 28. Se, ao final da campanha, ocorrer sobra de recursos financeiros ou de bens ou materiais permanentes, em qualquer montante, esta deverá ser declarada na prestação de contas e comprovada, também neste momento, a sua transferência à respectiva direção partidária ou à coligação, neste caso para divisão entre os partidos políticos que a compõem (Lei nº 9.504/97, art. 31, caput c.c. o art. 34, inciso V, da Lei nº 9.096/95).
Parágrafo único. As sobras de campanha serão utilizadas pelos partidos políticos, de forma integral e exclusiva, na criação e manutenção de fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política (Lei nº 9.504/97, art. 31, parágrafo único).
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